O Nhoque da Sorte
Conta a lenda que São Pantaleão, vestido de
mendigo, perambulava por um vilarejo, lá na Itália. No dia 29 de dezembro,
durante suas andanças sentiu fome e bateu à porta de uma casa pedindo comida. O
casal de velhos que o recebeu o convidou para jantar à mesa com eles e sua
família. Como eram pobres, não tinham muito que oferecer. O jantar era nhoque
que eles dividiram entre todos. Deu sete nhoques para cada. São Pantaleão
comeu, agradeceu a generosidade e foi embora. Qual não foi a surpresa do casal
quando, tirando os pratos, acharam em baixo moedas de ouro. Desde então,
acredita-se que comer nhoque no dia 29 do mês traz fortuna.
Tornou-se um tipo de simpatia ou superstição para aqueles que precisam de
dinheiro ou sorte. Coloca-se uma moeda ou um dinheiro de qualquer tipo debaixo
do prato de nhoque. Come-se em pé mastigando devagarzinho sete nhoques fazendo
um pedido diferente para cada um. Para o pedido se concretizar o dinheiro deve
ficar guardado até o próximo dia 29.
A história deste prato é bastante antiga. Ele é
originário do Norte da Itália, mas hoje caiu em domínio nacional. Até os
napolitanos, adeptos das massas de fio longo, aderiram. Supõe-se que ele existe
desde os antigos gregos e romanos. O espaguete, o ravioli etc... são
posteriores. Na Itália chamavam-no primeiramente demaccheroni. Logo na
Idade Média, já era conhecido com o seu nome atual que em italiano se escreve gnocchi. O
sociólogo paulista Gabriel Bolaffi, no livro A Saga da Comida lançado em
2000, diz significar “algo como pelota: uma pelotinha de farinha amassada com
água”.
No começo era elaborado com várias farinhas: de trigo, de arroz ou mesmo de
miolo de pão que temperadas e mergulhadas na água fervente davam uns alimentos
deliciosos. Após a introdução do milho na Itália, em meados do século XVI
surgiu o nhoque de polenta. Mas o que mudou mesmo a história deste prato foi a
chegada da batata por volta dos séculos XVI e XVII. Existe todo um ritual na
escolha da batata. Não pode ser muito nova, nem muito aguada. Deve ser
escolhida com muito cuidado. A da marca “asterix” ou “casca roxa” é das mais
recomendadas. Como ela é bem seca, exige menos farinha para dar a liga e não
deixa o nhoque grudento e pesado.
Teve tanto sucesso que se alastrou aos países vizinhos. Na Alemanha existe um
prato parecido que é o spätzle.Na Hungria é a mesma receita com o nome degaluska. Um chef
francês lançou aqui no Brasil um nhoque de milho. Outros cozinheiros
desenvolveram nhoque de batata-doce, mandioca ou mandioquinha.
Esta massa comporta também, uma variedade de recheios doces ou salgados. Os
molhos são os mais variados possíveis, dependendo da imaginação de quem esta
cozinhando. Tem o nhoque ao sugo, ao molho branco, à bolonhesa etc... entre os
mais famosos. Todos eles contribuem para fazer deste prato um grande sucesso.
Saboreie é uma delicia!
PUC/Sp de Viviane Bigio.
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