Cananéia e a historia de sua fundação



Diz a historia, que Cananéia foi fundada em 12 de agosto de 1531 por Martim Afonso de Souza, também diz que São Vicente, que hoje é a primeira cidade oficial do Brasil, foi fundada por Martim Afonso de Souza em 22 de Janeiro de 1532.
Mas, de acordo com Acadêmicos, Pesquisadores, Historiadores, e farta documentação encontrados em Universidades, Institutos Históricos , Arquivos do Estado e principalmente no Arquivo Nacional do Museu dos Descobrimentos ou Museu da Torre do Tombo em Portugal, e como mos-ra o Diário da Navegação da Armada escrito por Pêro Lopes de Souza irmão de Martim Afonso de Souza, a historia é bem outra.
No Museu do Tombo em Portugal existe uma laje em mármore, com um mapa da costa brasileira que indica Porto Seguro 1500, Cananéia 1502 e Bacia do Prata 1514, consideradas as datas mais importantes para os portugueses.
Antes da expedição de Martim Afonso a Cananéia em 1531, por aqui passaram á expedição de Gonçalo Coelho e Américo Vespuccio em 1502 ( trazendo com eles o Bacharel Mestre Cosme Fernandes e o deixando em Cananéia como degredado ), a de João Dias de Solis em 1512 (Português), a de Dom Nuno Manoel (Português) em 1514, Cristóvão Jacques (Aragonês a serviço de Portugal) em 1516, Dom Rodrigo Acuña ( Espanhol )1516, Sebastião Caboto (Espanhol ) 1526, Cristóvão Jacques em terceira expedição 1526, Diogo Garcia (Espanhol) em 1528 entre outros.
No Diário de Navegação da Armada , Pêro Lopes diz que quando aqui chegaram, encontraram o dito Bacharel de Cananéia , Francisco de Chaves, mais seis europeus vivendo em família, duzentos mestiços e mais de mil e quinhentos índios.
Alega também em seu Diário, estar o Bacharel a mais de trinta anos no Brasil ( isso em 1531).
Já Diogo Garcia em documento enviado à Corte Espanhola diz estar o Bacharel em Cananéia há mais de trinta anos , isso em 1528.
Teria a chegada do Bacharel sido anterior à descoberta do Brasil? Alguns historiadores acham que sim.
Jaime Cortesão em Obras Completas Livro III “Os Descobrimentos Portugueses”, diz que Bartolomeu Dias, trouxe o Bacharel em sua exploração da Costa da África para transpor o Cabo das Tormentas. Pesquisando as correntes Marítimas, podiam em conseqüência , ter chegado a Cananéia ou ponto próximo da costa do Brasil em fins de 1498 ou começo do ano seguinte.
Outro fato reforça a possibilidade duma viagem de Bartolomeu Dias ,em 1498, desde a Ilha de São Tomé às costas brasileiras, é que Dom Duarte Pacheco Pereira teve encargo semelhante, como ele próprio escreveu no capitulo II do Livro I do Esmeraldo de Situ Orbis. (Duarte Pacheco liderou o Tratado de Tordesilhas para Portugal e publicada com esse nome em 1505 as navegações feitas por ele a mando do El Rei de Portugal).
Luciano Pereira da Silva , no seu estudo “Duarte Pacheco Pereira , precursor de Cabral” publicado no primeiro volume da Historia da Colonização Portuguesa do Brasil escreve - “O que ele sabia e tinha visto é que, além do Grande Mar Oceano, se encontra uma costa que se estende desde 70 .º ao Norte até 28,5 ao Sul e isto sabe ele por experiência própria e informações alheias; / Quando ele diz que tem visto, refere-se a uma experiência pessoal e intercala a seguir como e quando se realizou essa experiência , ou seja em 1498 e por ordem do Rei.”
Conclui Jaime Cortesão que Dom Duarte visitou o trecho compreendido entre a embocadura do Maranhão e o delta amazônico, isto é, precisamente a região por onde devia passar a linha de Tordesilhas que demarcava a soberania entre Portugal e a Espanha.
Mas o meridiano que cortava o Brasil supõe dois termos a Quo. A sua realização exigia a operação dupla, e necessariamente em duas viagens, de limitar a soberania portuguesa, quer ao Norte, quer ao Sul. Ora, Cananéia está precisamente na região por onde passava o meridiano de Tordesilhas, no sul das costas brasileiras.
Estas razões levam a crer que o Bacharel, saído nos fins do século XV de São Tomé, fosse levado em Caravela de Bartolomeu Dias, que largou daquela Ilha em Dezembro (1498); e que o capitão do navio em viagens de exploração para transpor o Cabo das Tormentas, sendo ele um dos raros navegadores portugueses que podiam rivalizar em ciências náuticas com Dom Duarte Pacheco, empreende em fins de 1498 e o início do ano seguinte uma viagem de reconhecimento Tordesilhano nas regiões austrais do Brasil, onde o Bacharel como degredado teria sido deixado como um padrão vivo da soberania portuguesa.
Historiadores como Francisco Adolfo de Varnhagem e Manoel E. de Azevedo Marques alegam que o Bacharel de Cananéia foi deixado em 24 de janeiro de 1502 pela expedição exploratória de Gaspar de Lemos e o cartógrafo Américo Vespúcio , á costa sul do Brasil. E que dando topônimos a baias, cabos e enseadas, deram o nome de Barra do Rio Cananor à Baia de Cananéia. (Estudos recentes dão como certo a expedição ser comandada por Gonçalo Coelho e a Barra de Cananéia por lembrar a localidade de Cananor perto de Calicúte, na Índia, onde os portugueses fundaram uma feitoria). Polêmicas à parte é que 1499 ou 1502 não mudaria o fato de Cananéia ser o povoado mais antigo do Brasil.


A Política do Sigilo

Tendo iniciado a era dos descobrimentos em 1415, com a tomada da Cidade de Ceuta no Norte da África (grande centro comercial muçulmano), Portugal parte para explorar e conquistar a Costa da Guiné (Costa da África).
Antes de consolidar estas conquistas, Portugal (a maior potência da época) enfrenta a oposição da Espanha que não aceitando como certos os direitos de Portugal sozinho explorar a Costa da Guiné e querendo parte destas riquezas e territórios , ataca e saqueia os barcos, as feitorias e fortes conduzidos e construídos por Portugueses.
Para impedir que a Espanha de prejudicarsse seus intentos, Portugal lança mão da Política do sigilo que proibia qualquer cidadão português ou a seu serviço, de fornecer Portulanos (mapas), ensinar a interpretar as cartas de marear, ou fornecer quaisquer informações que ajudassem a construir naus ou caravelas, no estrangeiro, sob pena de morte.
A Política do sigilo é o principal fator que nos impede de interpretar ou estudar os documentos da época pois ou temos poucas informações, ou não são estes documentos confiáveis.Os documentos oficiais ou foram destruídos ou eram feitos de forma a confundir inimigos da Coroa (outro grande fator foi o terremoto de 1755 que arrasou Lisboa devastando os Arquivos reais).
Portugal, como principal potência da época, apela ao Papa para que interceda a seu favor, o que acontece através de diversas Bulas Papais.
A Espanha acata, mas através de diversos subterfúgios, burla o Santo Ofício, gerando intenso conflito com Portugal.
Apelando de novo ao Papa e obtendo seu apoio, Portugal ,depois de intensas negociações, assina com a Espanha o Tratado de Tordesilhas.

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