O Verão da Lata
Havia fumaça por todo canto. Virou tema de camiseta, gíria de interados, marchinha de carnaval, combustível para festas memoráveis e assunto predileto das manchetes. Identificada como “sono profundo”, “tosse comprida” e “panetone”, a cannabis da lata virou sinônimo de coisa boa. “Passou-se a usar a expressão ‘da lata’ para identificar que a coisa era de qualidade”, explica Marcelo Dantas, roteirista do filme ‘Pode Crer’. Segundo Dantas, o verão da lata foi o último suspiro “pós-hippie” do Rio de Janeiro, quase uma ressaca dos traumas da época: a violência que aumentava, o Plano Cruzado que havia falhado, a Aids que assombrava. “Havia a sensação dos usuários de ter escapado da polícia e dos traficantes. A maconha vinha do mar, como dádiva de Deus”, completou o cineasta, em entrevista ao jornal ‘Estado de S. Paulo’, em dezembro de 2007.
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