Quem foi Maria Bueno


Maria Bueno
Maria da Conceição Bueno, nasceu perto de Morretes, num lugar chamado Rio da Prata, no dia 08 de Dezembro de 1854, dia de Nossa Senhora da Conceição. O povo chamava o lugar de Biquinha de Prata, por causa da água cristalina e límpida do rio. Na noite do nascimento de Maria Bueno, sua mãe estava contente porque, na véspera, sonhou que havia visto uma santa muito bonita entrar em seu quarto. Ela teve vontade de gritar, não de medo, mas de alegria. A Santa, porém, fez um sinal, dizendo-lhe: “Júlia, não temas. Eu sou a Mãe de Jesus. Vendo avisar-te que vais dar à luz a uma menina, e que está reservada a ela uma grande missão sobre a terra. Será uma alma milagrosa, que há de fazer muitos benefícios, aos seus semelhantes. Tenha Fé e Confiança”.
Contam que Pedro Bueno, embriagado, quis matar Maria Bueno, quando nasceu. Quando se preparava para arrebatar a cabeça da criança com uma garrafa, uma forte luz bateu em sua cabeça, fazendo-o cair desfalecido. Depois disso acordou diferente. Transformou-se num bom homem. Deixou de beber e adorava Maria Bueno. Mais tarde, alistou-se como voluntário, na Guerra do Paraguai, morrendo em combate.
Júlia e sua filha Maria Bueno, sempre que podiam, iam visitar seus parentes e amigos no Porto de Cima e se hospedavam na casa, onde mais tarde foi realizada a gravação da novela “Maria Bueno”, dirigida por Paulo de Avelar. Nesta casa, funcionou a Prefeitura, a cadeia e a escola Professora Benedita da Silva Vieira, segundo depoimento da Senhora Madalena Marques Ferreira, que diz que foi sua aluna. Depois, mudou-se para Campo Largo. Mais tarde, sua mãe faleceu e sua irmã Maria Rosa começou a maltratá-la, ocasião em que Maria Bueno, ajudada por alguns padres, foi para Curitiba.
Jovem, bonita, gostava de dançar, por isso vivia nos bailes. Lá conheceu Inácio Diniz, anspeçada do Exército. Ele insistiu e foi morar junto com Maria Bueno.
Uma noite, em que Diniz estava de serviço no quartel havia um grande baile. Maria Bueno queria ir dançar e Diniz não queria que ela fosse. Discutiram fortemente, Diniz foi para o quartel. Maria Bueno foi para o baile. Tarde da noite, Diniz saiu do quartel (onde hoje é o colégio São José, na Praça Rui Barbosa) e foi espionar Maria Bueno no baile. Ficou furioso e escondido nos matos da Rua Campos Gerais. (hoje Rua Vicente Machado). Quando Maria Bueno passou sozinha, matou-a com um punhal, degolando-a. Era então a madrugada do dia 29 de janeiro de 1893. O crime abalou a pequenina Curitiba da época. Diniz foi preso e julgado por um júri popular, do qual, tomaram parte proeminentes figuras curitibanas, e ele foi absolvido por unanimidade.
No lugar onde Maria Bueno morreu, foi colocada uma tosca cruz de madeira. Nos pés desta cruz, nasceu uma rosa vermelha. Maria Bueno era muito popular e admirada pelo povo, que ia rezar e acender velas. Contam que aconteceram graças e milagres, transformou-se numa grande romaria.
Na revolução Federalista de 1894, quando Gumercindo Saraiva tomou conta de Curitiba, Diniz foi fuzilado pelo Exército.
Hoje há devotos de Maria Bueno que construíram seu túmulo em cemitérios, com placas de agradecimentos do Brasil inteiro e de países do Mundo.

Rubens Bueno estaria defendendo a tia-bisavó quando bateu em Requião!

 

No final do ano 1892 começou o movimento, mais tarde chamado de Revolta da Armada, quando treze oficiais-generais do Exército e Marinha assinaram um manifesto intimando Floriano Peixoto, que assumira a Presidência da República em virtude da renúncia de Deodoro da Fonseca, a convocar novas eleições. Entre os que exigiam eleições estava um tio-bisavô do Roberto Requião de Mello e Silva, que era o vice-almirante Custódio José de Mello, e que junto com Luiz Felipe Saldanha da Gama refletiam o descontentamento da Marinha Brasileira. Esse vice-almirante, parente do governador Requião, tinha um “irmão torto” que morava em Curitiba. Como parente do nosso governador já era adepto ao nepotismo, usando de seu prestígio na República, nomeou o irmão-torto cabo da Policia em nossa cidade. O irmão-torto (Diniz de Mello) do vice-almirante Mello, tio-bisavó do Requião, morava na rua Campos Gerais, hoje rua Vicente Machado, na região da Delegacia do Trabalho.
Quem também morava na rua Vicente Machado, naquela época, era a Maria Bueno, nascida em Morretes. Maria Bueno passou a infância em Campo Largo e já mocinha veio morar ali, próximo à casa do irmão-torto do vice-almirante Mello, o indivíduo chamado Diniz Mello, cabo da Polícia.
A Vicente Machado, entre as ruas Visconde de Nacar e Brigadeiro Franco, era, no final daquele século, uma zona do meretrício.
Embora tarde da noite, retorna para casa atravessando um matagal na rua Campos Gerais, a atual Vicente Machado. Lá se encontra Diniz, emboscado. Tenta violentá-la e, ao defender-se, Maria Bueno é degolada no dia 29/01/1893, aos 29 anos.
Segundo os devotos que idolatram a milagreira Maria Bueno, na madrugada da sua morte estava em uma festa, quando recebe um chamado da viúva para quem trabalhava em casa.
Mais tarde foi construído um túmulo (foto) para Maria Bueno no Cemitério Municipal de Curitiba, no bairro São Francisco, local de romaria de devotos até os dias atuais.
Nessas eleições, o governador Roberto Requião chegou um dia em Campo Mourão e lá estava o Rubens Bueno, hoje eleito deputado federal. Sem qualquer motivo aparente, o Rubens Bueno partiu para cima do Requião e teria dado dois tapas no governador.
No dia de ontem, fui cortar o cabelo no salão que fica no prédio do Hotel Del Rey, quando, na cadeira do lado, um senhor com uns 90 anos contava que a Maria Bueno era parente do Rubens Bueno. E que foi em função do assassinato da milagreira, em 1893, a revolta de Bueno em vingar a tia-bisavó em cima do bisneto do vice-almirante Mello – que tinha o irmão-torto, Diniz de Mello, que violentou e matou a santa.
Foi colocada uma cruz de madeira no local de sua morte, onde nasceu uma rosa vermelha. Segundo a lenda, Maria Bueno passou a atender às preces dos devotos que iam até o local na frente do Hospital São Vicente.


“Santos” populares atraem milhares de fiéis em todo Paraná

A família de Aurora Marchiori Leite, de 53 anos, não vai ao Cemitério Municipal de Curitiba no Dia de Finados apenas para visitar o túmulo dos entes queridos. Ela também pretende prestar homenagem à Maria Bueno, sua “santa” de devoção. “Tenho muita fé nela, consegui muitas dádivas”, afirma. Assim como dona Aurora, cerca de cem mil pessoas devem passar pelos cemitérios da capital no domingo (2). Somente o túmulo de Maria Bueno deve receber aproximadamente três mil visitas. Os mortos “milagreiros”, como são conhecidos pelos devotos, atraem fiéis em todo o estado.
A capela que foi construída sobre a sepultura de Maria Bueno está forrada de placas de agradecimento, velas, fotos e bilhetinhos com vários pedidos. Os fiéis que a visitam recebem até uma fitinha para colocar no pulso, como a de Nossa Senhora Aparecida. Na tarde de quinta-feira (30), dona Aurora e família visitaram o túmulo de Maria Bueno de Curitiba, para agradecer mais uma dádiva: “Minha neta tinha um problema sério de sangramento no nariz. Pedimos a benção dela e ela nos atendeu”.
Cemitérios municipais
Maria Bueno, a “santa” paranaense mais conhecida, já foi tema de peças teatrais, livros, estudos e recentemente sua vida foi representada no Revista RPC. Ela nasceu em Morretes, litoral paranaense, em 1864. “Em Curitiba trabalhou como doméstica. Era uma pessoa simples e alegre, que estava a frente do seu tempo, pois ao contrário da maioria das mulheres da época, sabia ler e escrever, e não se submetia aos homens”, conta o vice-presidente da Irmandade Maria da Conceição Bueno, Marciel Colonetti.
A beleza dela teria atraído um policial chamado Diniz, mas ela o preteriu, pois era noiva. “O policial armou uma armadilha, mandando-lhe um bilhete em nome do seu namorado. Marcou um encontro, e no local tentou estuprá-la, mas ela não deixou. Isso fez com que o policial a degolasse”, conta Colonetti. Outros relatos, porém, indicam que Maria Bueno foi namorada de Diniz, e este, por ciúmes, a matou. Maria Bueno teria sido encontrada de joelhos em uma rua, onde atualmente é a Avenida Vicente Machado. No local, segundo a crença, cresceram rosas vermelhas.
“Geralmente são pessoas de boa índole, que tiveram uma morte trágica, seja por assassinato, ou alguma doença. É como um mártir. A diferença entre eles e os santos oficiais é que estes últimos sacrificaram a sua vida pela religião, o que não acontece, necessariamente, com os santos populares”, explica a professora de História das Religiões da Universidade Estadual de Maringá, Solange Ramos de Andrade.
A grande dificuldade é remontar suas histórias. “Existem dois relatos: aquele contado por historiadores, através de estudos, e o dos fiéis, que devido ao processo de mitificação, acabam modificando a vida da pessoa”, ressalta o professor de História das Religiões e Religiosidades da Universidade Estadual de Londrina, Marco Antônio Neves Soares.
Para Solange, é difícil julgar até que ponto existe fantasias em torno desses nomes. “Relato de pessoas que receberam dádivas desses santos não faltam. Acreditar é uma questão de fé pessoal”.
A curandeira
Maria Bueno é um exemplo de santo popular, que existem em quase todas as cidades e não são reconhecidos pela Igreja Católica, mas têm fama de milagreiros e atraem milhares de fiéis. Além dela, outras personagens são cultuadas no Paraná, como a Maria Polenta, em Curitiba, Corina Portugal, em Ponta Grossa, o menino José Oswaldo, em Londrina, e Clodimar Pedrosa, em Maringá, entre outros.
Maria Polenta (Maria Trevisan Tortato) viveu entre 1888 e 1959. Segundo Lucia Grochou, que é sua admiradora, Maria era uma senhora pobre, que ajudava as pessoas através de seus “poderes” de cura. “A história mais divulgada fala sobre um jogador do Coritiba que procurou a curandeira, pois estava com problemas no joelho. Ela teria pedido que o atleta a pagasse antes da consulta e depois que recebesse a cura. Após melhorar, o jogador não cumpriu o combinado e, no dia seguinte, não conseguia mais jogar”, conta.
Outros relatos dizem que Maria Polenta não cobrava por seus serviços, e ajudava muito os pobres. “São histórias que os fiéis criam com o passar do tempo. Até hoje não existe um estudo que esclareça a sua trajetória”, diz a professora de História das Religiões, Vera Irene Jurkevics. Apesar disso, centenas visitam o seu túmulo, no cemitério Água Verde, em busca de cura para males de saúde.
Fé no interior
José Oswaldo Schieti nasceu em 1941, em Londrina. Segundo o professor Soares, era uma criança alegre e arteira. “Fizemos alguns trabalhos na UEL sobre a sua vida, e de acordo com o relato de familiares, o menino adoeceu, agonizou por alguns meses e morreu, sem nenhuma explicação”, diz.
A funcionária da Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina, Débora Zanutto, trabalha há 31 anos no local e conta outra versão. “No dia da sua 1ª comunhão, o menino caiu de um caminhão e morreu. No livro de inumações consta fratura na têmpora, como causa da morte”, relata.
Logo após o enterro, no Cemitério São Pedro, o túmulo do menino começou a jorrar água. De acordo com Débora, a mina cessou há cerca de 10 anos. Mesmo assim, as visitas são diárias, e as velas tomam a calçada ao lado de sua sepultura no Dia de Finados.
Outro santo popular é Clodimar Pedrosa Lô. De origem humilde teria sido morto brutalmente pela polícia após uma falsa acusação de um cliente do hotel no qual trabalhava. “O dono do hotel chamou a polícia. Eles o levaram para delegacia, onde o estupraram e espancaram até a morte. Houve revolta na cidade, e os policiais tiveram que fugir para não serem linchados. Alguns meses depois o pai de Clodimar matou o dono do hotel”, conta a historiadora Solange.
Desde morte, em 1967, o túmulo do menino é o mais visitado no Dia de Finados no Cemitério Municipal de Maringá, e as placas de agradecimento aos milagres amontoam-se junto às velas.
Violência doméstica
Há quase 140 anos, o túmulo de Corina Portugal é o mais visitado do Cemitério São José, em Ponta Grossa. Segundo o advogado, Josué Correa Fernandes, autor do livro “História de Sangue & Luz – Tragédia de Corina Portugal”, a bela moça carioca, que chegou aos 18 anos na cidade, em 1867, teve a vida marcada pela violência e o alcoolismo do marido.
“Ele chegava em casa bêbado e batia nela. Fez com que ela perdesse um filho, após lhe dar um chute na barriga”, conta Fernandes. Certa noite, após uma discussão, o marido, Alfredo Campos, lhe matou com 32 facadas. Para se defender, disse que cometeu o assassinato para lavar a sua honra, pois ela o traia com João Dória, deputado na época. Campos foi absolvido pela Justiça, e Dória teve que fugir para Curitiba. Ele só conseguiu provar sua inocência quando publicou em jornais, as cartas que Corina enviava à família, relatando tudo que vivia.
Hoje, Corina é a “santa” das mulheres que sofrem violência doméstica. “Mas ao redor de seu túmulo você encontra bilhetes com pedidos diversos”, explica Fernandes.
Sem reconhecimento da Igreja
Apesar de arrastarem milhares de fiéis, os santos populares dificilmente são oficializados pela Igreja Católica. “A canonização de um santo, no Vaticano, é um processo muito parecido com o jurídico. É necessário ter provas concretas, geralmente ligadas à cura, em casos de doenças repentinas e irreversíveis. Uma comissão científica avalia se não houve intervenção médica. É um processo extremamente caro e rigoroso”, explica a professora de História das Religiões da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Vera Irene Jurkevics. “O candidato também não pode ter vestígios de mácula em sua trajetória de vida. Tem que ser puro, por isso, geralmente, são ligados às instituições religiosas”.
No entanto, a fé nos santos populares continua, assim como os relatos de milagre. “Eu tinha dores de dente insuportáveis. Após tomar um chá de rosas da Maria Bueno, nunca mais senti nada. A minha fé nos seus poderes não depende da Igreja”, ressalta dona Aurora.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

10 tipos mais conhecidos de tortura utilizados durante o Regime Militar

Boa Sorte, Merda ou Quebre a Perna?

Barquinho pop-pop