O Cavaleiro do Óleo Ressurge


Desfecho do documentário sobre Oil Man vai ao ar no próximo domingo, na RPC TV. Curta mostra oretorno do herói curitibano, afastado por uma hérnia

YURI AL’HANAT
I




Oil Man é uma espécie de “meta-herói”. Sem superpoderes ou habilidades especiais, seu maior ato de heroísmo está, justamente, em conseguir ser um herói. Figura folclórica de Curitiba há 15 anos, completados em julho ou agosto – o próprio mito não sabe precisar o primeiro dia em que desfilou pela cidade em sua bicicleta, trajado apenas com uma sunga e besuntado com o indefectível óleo bronzeador, em 1997 — Nelson Rebello, de 51 anos é o personagem central de um curta-metragem dividido em duas partes cuja conclusão vai ao ar no próximo domingo, no quadro “Casos & Causos”, da Revista RPC, na RPC TV.


Realizado pela produtora curitibana Asteroide Filmes, e escrito e dirigido pelos cineastas Guilherme Biglia e Giuliano Batista, o curta parte de um drama pessoal de Rebello, que descobriu uma hérnia inguinal unilateral e passou por uma cirurgia para removê-la, ficando três meses sem aparições públicas. Tudo começou com um infame flagrante. “Um dia, nós vimos o Oil Man andando de roupa pela cidade e tiramos uma foto, que acabou repercutindo muito nas redes sociais. Entramos em contato com ele para pedir desculpas pela superexposição e foi aí que descobrimos que ele estava de roupa porque estava voltando de uma consulta médica”, lembra Biglia, que explica a ideia do documentário: “não quisemos perpetuar a imagem dele como super-herói. Preferimos fazer uma abordagem mais pessoal, mostrando o olhar dele sobre a vida, ao invés do olhar de outras pessoas sobre ele”, explica.
Trama
Na primeira parte da produção, o espectador é apresentado à Sociedade dos Homens Óleo. Dois companheiros de Rebello, o fisiculturista Oil Rambo e o cover de Oil Man Lupcínio Meião encontram-se para receber a notícia da hérnia que pode colocar em xeque o futuro do Oil Man. Impedido de operar devido a uma taxa alterada em um dos exames, Rebello desespera-se e chega a anunciar sua retirada da Sociedade dos Homens Óleo, mas recebe, por fim, a autorização para a cirurgia. O filme foi exibido no domingo da semana passada, dia 19, com um intervalo de uma semana para arquitetar a volta triunfal e de dupla conotação do herói. “Depois que fizemos o primeiro episódio, convocamos as pessoas para fazer uma volta de bicicleta com o Oil Man no Parque Barigüi, no último domingo. Cerca de 300 pessoas apareceram e umas 60 pedalaram com ele. Tudo isso foi filmado e será incorporado à segunda parte”, conta o diretor e roteirista, que lista também outros detalhes sobre o desfecho da saga. “Vamos mostrá-lo entrando em cirurgia, a recuperação para a volta do Oil Man, o distribuidor de Matinhos onde ele compra suas sungas, e a grande volta.”
Oil Man e a Sociedade dos Homens Óleo e Oil Man e a Volta do Homem Óleo formam, juntos, o quinto curta-metragem da Asteroide Filmes e a segunda aparição cinematográfica de Nelson Rebello. Ele, que já havia filmado em 2004 o curta O Gralha e o Oil Man – Um Encontro Explosivo, do diretor Tako X, diz ter se surpreendido com o resultado, ainda que não se deslumbre com o destaque conquistado. “Os jovens [diretores] tiveram muita sensibilidade. Foi um filme muito humano, com drama, arte e show. Mas eu sou muito pé no chão, sei apenas o que é o Oil Man e sei que o sucesso não pode subir à cabeça. Uma coisa de cada vez.”
Guilherme Biglia também não esconde o valor sentimental da obra, cuja importância ele atribui a um resgate do paranismo. “O Oil Man é uma figura querida e já faz parte da história da cidade. Tudo o que fizemos foi discutido antes com ele, e seguimos a produção no seu ritmo. Sem falar que ele é um ator muito carismático, com uma presença de câmera incrível.”
Se a produção chega a uma conclusão sobre os poderes do Oil Man? O diretor e o roteirista afirma que o homem por trás da sunga é um paradoxo ambulante. “Ao mesmo tempo em que ele não passa despercebido na rua, ele não tem uma personalidade expansiva. Pelo contrário, é um cara tímido e tem uma necessidade de ficar na dele. É uma pessoa normal, que vive uma realidade diferente do resto, e nem por isso é mais ou menos louco que o próximo. A profissão e a vida dele é ser o Oil Man, ele não tem uma dupla identidade. É o Oil Man o tempo todo, mesmo quando está de roupa.”

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