O Tesouro dos Jesuítas e o Morro do Castelo


O tesouro dos Jesuítas e o Morro do Castelo - Ilustração fantasiosa
Existiu um magnífico tesouro, guardado secretamente em túneis no Morro do Castelo, sob as construções que pertenceram aos Jesuítas? Muitos morreram acreditando na lenda. Investigações foram feitas e nada encontrado. Posteriormente o Morro foi arrasado e nada encontrado, mas muitos ainda acreditam na existência do tesouro, que em algum lugar continua oculto e bem guardado.
Lenda, mito ou tesouro que ainda não foi encontrado?
Lendas e mitos envolveram o Morro do Castelo, quanto à hipóteses sobre túneis e um grandioso tesouro escondido e guardado nos subterrâneos, em catacumbas secretas.
De longa data circulavam lendas na boca do povo acerca dos tesouros, assim como arqueólogos e historiadores também consideravam esta hipótese viável e séria.
Um dos mais interessantes escritos sobre o "Tesouro dos Jesuítas", foi feito pelo jornalista e escritor Lima Barreto, que possui um livro intitulado "O Subterrâneo do Morro do Castelo" onde discorre sobre as "fabulosas riquezas" deixadas pelos Jesuítas.
O manuscrito de Lima Barreto, é composto de uma série de artigos publicados no ano de 1905 no "Correio da Manhã" do Rio de Janeiro.
Entretanto, todas a lendas e supostos tesouros que estivessem escondidos nos subterrâneos ou túneis do Morro do Castelo, acabaram sem ter nenhuma confirmação real. O Morro foi totalmente arrasado, metro a metro e nenhum tesouro foi encontrado.
Subterrâneo do Morro de Castelo - Livro de Lima Barreto
Acima, diferentes capas do livro "Subterrâneo do Morro de Castelo", de Lima Barreto.
Igreja dos Jesuitas no Morro do Castelo
A Igreja dos Jesuítas no Morro do Castelo foi posta abaixo, juntamente com o morro que foi todo arrasado.
Sede de antiga Fazenda dos Jesuítas em São Cristóvão
Sede de antiga Fazenda dos Jesuítas em São Cristóvão. Foi transformada em Hospital dos Lázaros em 1763 pelo Governador Gomes Freire, Conde de Bobadela. Após urbanização do local, tem como endereço a Rua São Cristóvão, em frente à Rua Escobar. Observe uma engrenagem elevatória em uma torre ligada por uma arcada à sede da chácara.
Palácio de Santa Cruz - Antiga sede de fazenda dos Jesuítas
A aquarela de Debret, mostra o Palácio de Santa Cruz no início do Século 19. Trata-se de uma antiga sede de fazenda dos Jesuítas naquela área.
Em busca do Tesouro Perdido
Teorias, hipóteses e explicações acerca do Tesouro dos Jesuítas não faltam. Quanto maior a imaginação, menor é a escasses de hipóteses interessantes sobre onde estaria guardado este rico e grandioso tesouro, que alguns um dia afirmaram ser até mais grandioso que o lendário Tesouro dos Cavalheiros Templários.
Mas se todo o Morro do Castelo foi arrasado e nada encontrado, onde está o tesouro. Esta é uma pergunta que para muitos não quer calar em hipótese alguma.
Premissas Para Novas Hipóteses | Onde estaria o tesouro ?
A história nos diz que os Jesuítas possuiam propriedades em outros locais da Cidade do Rio de Janeiro, em função da sesmaria que receberam durante a fundação da cidade, pois é sabido que, tanto o Padre Achieta como Manoel de Nóbrega, estivem no Rio em 1565 durante a fundação e depois em 1567 quando ocorreram as batalhas finais contras os invasores franceses.
Uma vez que a posse da terra estivesse conquistada, e uma vez que o Governador Geral do Brasil, Mem de Sá que no Rio de Janeiro esteve pela segunda vez em 1567 assumindo o controle geral das operações de guerra, e após a guerra vencida tivesse decidido mudar os primeiros assentamentos para o Morro do Castelo, onde lá mandou erguer uma Fortaleza, Igreja e outras edificações. Neste mesmo tempo Anchieta e Manoel da Nóbrega iniciaram a construção do Colégio dos Jesuítas e Igreja anexa também no Morro do Castelo, construções estas que vieram abaixo com a demolição do morro.
Além das propriedades e construções no Morro do Castelo, os Jesuítas possuiam também grandes extensões de terras, fazendas e propriedades em Santa Cruz como também na zona norte até o bairro de São Cristóvão. A propriedade e edificação de Santa Cruz era tão grande que posteriormente, foi usada como um palácio alternativo, para os fins de semana de D. João VI e D. Pedro I.
Deve-se anotar aqui que os Jesuitas sairam do Brasil colonial em 1759, por decreto do Marques de Pombal, então Primeiro Ministro de Portugal, tendo suas terras e propriedades expropriadas, e segundo as teorias, teriam deixado em local oculto o rico e grandioso tesouro.
Poderia o Tesouro Ter Sido Enterrado na Fazenda de Santa Cruz ou em São Cristóvão?
Se este tesouro não foi encontrado nos subterrâneos do Morro do Castelo, restam outras hipóteses. Poderiam estar nos subterrâneos, em túneis com passagens ocultas nos locais onde situavam-se as outras construções dos Jesuítas, como a da fazenda de Santa Cruz ou a antiga Casa de Fazenda dos Jesuítas em São Cristóvão, que depois do confisco passou a abrigar o Lazareto ou Hospital dos Lázaros e atualmente chamado Hospital Frei Antônio do Desterro..
Muito abaixo da base do Morro do Castelo?
Existe outra hipótese, um tanto difícil de ter credibilidade, é a que aventa a possibilidade do tesouro estar oculto em uma galeria ou câmara abobadada, em um nível muitos metros abaixo da cota zero do Morro do Castelo. Este esconderijo subterrâneo poderia ser supostamente acessado através de um poço com elevador de madeira puxado por roldanas.
Ainda seguindo esta teoria, antes da expulsão do Jesuitas, estes poderiam ter fechado o poço com terra, deixando o tesouro oculto, muito abaixo da base do Morro. Assim, quando o Morro foi arrasado, nada foi encontrado, pois o poço havia sido preenchido com terra, e suas paredes que provavelmente eram feitas com tábuas e traves de madeira para evitar deslizamentos devem ter sido progressivamente retiradas à medida que o poço era aterrado.
Mas seria possível que os Jesuitas tivessem construído um poço tão profundo, com profundidade maior que a altura do Morro do Castelo? A engenharia da época tinha meios para tal escavação, e construir um rustico elevador de madeira naquela época era algo muito simples, já que na encosta do Morro do Castelo, já no século 18, existia um elevador em forma de plano inclinado.
Mas porque os Jesuítas construiriam um poço tão fundo? Somente para esconder um tesouro? Faria sentido, construir um poço e uma caverna abobadada muito antes de sua expulsão, que ninguém pensasse que algum dia ocorresse.
Poderia existir duas justificavas. A primeira, esconder o Tesouro contra saqueamentos ou possível invasões corsárias, como a tentativa de invasão de 1710 e a invasão de René Duguay Trouin em 1711, que conseguiu invadir e saquear a cidade e várias igrejas. Não tivessem os Jesuítas um local seguro para guardar o suposto tesouro, este teria sido encontrado pelos corsarios comandados pelo almirante francês.
Como uma segunda justificativa para a construção do poço, pode estar o fato de que, no Morro do Castelonão existia água potável. A água precisava ser buscada de algum rio que chegasse à cidade baixa. Teria então algum Jesuíta tido a ideia de cavar um poço até tentar encontrar água? E talvez, ao perfurar até um ponto em que encontraram água, esta era salgada e consequentemente não potável, pois certamente estava abaixo do nível do mar. Eis porque o poço era tão profundo.
E após tanto trabalho, qual a destinação à dar ao poço? Não restava outra opção senão aterra-lo até que a água nas profundidades parasse de minar. Estando assim literalmente no fundo poço, em um cota de profundidade onde não minava água, seria possível construir um cômodo abobadado (feito em pedras) para algum uso, como realizar secretamente experiências científicas ou até mesmo para guardar o possível tesouro.
É sabido que os Jesuítas tinham conhecimentos avançados para a época, e ensinavam inclusive aulas de anotomia no colégio, assim como outros assuntos científicos. Então seria justificável um laboratório oculto, para que experiências pudessem ser feitas longe de olhares especulativos. Tais experiências deveriam ser interpretadas aos olhos da fé e da igreja antes de serem expostas publicamente. Assim, a justificativa de ter uma sala altamente secreta, seria resguardar as experiências, e evitar que laicos pudessem presenciar ou tomar contato com tais experimentos, e tentassem usar os conhecimentos adquirido com os experimentos contra a fé.
Enfim, ideias, teorias e imaginação é o que não falta. Entretanto, a única coisa que até hoje ainda falta é exatamente encontrar o "Grandioso Tesouro", que em algum lugar continua oculto, seja na imaginação, seja em algum local real jamais encontrado.

Planta do Centro do Rio em 1906 com Morro do Castelo, Santo António e Senado

Abaixo o trecho de uma planta da Cidade do Rio de Janeiro, de 1906, onde vemos o centro da cidade com indicação das obras de melhorias da Administração do Prefeito Pereira Passos e do Presidente Rodrigues Alves. Esta planta mostra as grandes transformações urbanisticas ocorridas naquele histórico e agitado quatriênio de grandes obras de modernização do Rio de Janeiro.
Na planta vemos tanto a Av. Beira Mar inaugurada em 1906 como Av. Rio Branco inaugurada em 1905. Podemos ver o antigo Morro do Castelo que teria as margens de seu sopé um pouco cortadas e invadidas para dar espaço à grandes construções que se seguiriam naquela década, cujas fachadas se voltavam paraAv. Cental, hoje chamada Av. Rio Branco. Esta construções seriam a Biblioteca Nacional, antigo edifício do Supremo Tribunal Federal e Escola Nacional de Belas Artes, atual Museu Nacional de Belas Artes.
Morro de Santo António é visto na planta assim como o Morro do Senado também é visto, mas aparecendo o traçado da Praça da Cruz Vermelha e Avenida Mem de Sá, abertas naquela época.
Planta centro do rio em 1906 com morros do Castelo Santo Antonio e Senado
O trecho da planta de 1906 da Cidade do Rio de Janeiro com indicação das melhororias da administração Pereira Passos. Na planta podemos ver o Morros do Castelo e de Santo António que não haviam sido arrasados, e o Morro do Senado, que foi arrasado dando lugar à Praça da Cruz Vermelha, todos os três com as indicações das curvas de nível com suas cotas de níveis ou alturas. As terras do Morro do Senado foram usadas para aterros feitos para construção do Novo Porto do Rio de Janeiro.
Planta do Centro do Rio em 1906
Planta do Centro do Rio em 1906
Nesta planta de 1906 vemos os morros arrasados e a antiga Ponta do Calabouço.
Centro do Rio em 1873
Centro do Rio em 1873
Fantástico panorama de 1873 mostra o centro do Rio com antigos morros, litoral e construções.
Centro do Rio em 1914
Mapa turístico do Centro do Rio em 1914
Centro da cidade em mapa turístico de 1914 onde vemos morros arrasados e antigo litoral.

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