john lennon



A infância



 
John Winston Lennon nasceu em 8 de outubro de 1940, na cidade de Liverpool, um importante porto no noroeste da Inglaterra, em plena Segunda Guerra Mundial. A cidade era alvo constante de bombardeios nazistas, e o menino foi batizado em homenagem ao seu avô e ao primeiro-ministro britânico Winston Churchill. O pai Alfred era marinheiro e ficava pouco em casa, e a mãe Julia acabou engravidando de outro homem. O pequeno John acabou indo morar com a tia Mary "Mimi" Smith, que ele sempre considerou sua segunda mãe. Mimi era bastante severa, mas Julia, que gostava muito de música, sempre o visitava, e na adolescência o ensinou a tocar banjo, deu a ele discos de Elvis Presley e comprou seu primeiro violão, em 1957.

No mesmo ano John e amigos de escola formaram a banda The Quarrymen, que tocava Skiffle, um ritmo derivado do jazz, popular na época em Liverpool. Em 6 de julho desse ano ele conheceu Paul McCartney numa apresentação da banda. Eles logo ficaram amigos e Paul entrou no Quarrymen, apesar do pai dele achar que John o ia "meter em encrencas". George Harrison entrou como guitarrista e Stuart Sutcliffe assumiu o baixo, quando os colegas de John deixaram o grupo, que pouco depois eles decidiram rebatizar como "The Beatles".

Nos Beatles

John entrou na faculdade de Artes, mas continuou dando prioridade para a banda. Em 1960 os quatro garotos, com Pete Best na bateria, foram para Hamburgo, onde tocaram uma temporada de 48 noites em bares da cidade, fazendo shows longos, movidos à anfetaminas. Stucliffe ficou em Hamburgo, e de volta a Liverpool, com Paul no baixo, eles começaram a ganhar fama tocando no Cavern Club, onde conheceram o empresário Brian Epstein, que os aconselhou a substituir Best por Ringo Starr na bateria. O resto é história. A partir do primeiro single gravado, Love Me Do, em 1962, os Beatles viaram a maior banda de rock do mundo e símbolo da década de 60, durante a chamada "Beatlemania".

Em fevereiro de 1964 o grupo foi para os Estados Unidos, onde se apresentaram no popular programa de TV do apresentador Ed Sullivan, e a “Beatlemania” atravessou o Atlântico. No mesmo anos eles fizeram o filme A Hard Days Night, o primeiro de vários longas-metragens com as músicas da banda e eles atuando.

Em 1965 John tomou LSD pela primeira vez, na casa de seu dentista. Antes, em uma ocasião lendária, Bob Dylan ofereceu aos quatro garotos, que até então apenas bebiam e tomavam anfetaminas para aguentar as maratonas de shows, um cigarro de maconha. O contato com estas drogas típicas da contracultura então nascente na década de 60, gerou uma mudança de rumo nos Beatles, que saíram do pop iê-iê-iê em direção ao experimentalismo psicodélico, a partir do álbum Rubber Soul. Em Help!, John já mostrava um lado mais sombrio e atormentado com a fama. No mesmo ano, em entrevista a uma repórter do jornal inglês Evening Standard, ele disse: “O Cristianismo vai passar. Vai desaparecer e encolher... nós somos mais populares que Jesus hoje. Não sei qual vai passar antes, o rock and roll ou o Cristianismo”. A declaração enfureceu grupos cristãos, que promoveram queimas públicas de discos dos Beatles.

Lennon também expressou insatisfação com os shows ao vivo dos Beatles, porque as fãs gritavam tão alto que eles não conseguiam ouvir direito o que tocavam. No ano seguinte a banda decidiu não fazer mais shows, e se concentrarem na produção dos álbuns, o que gerou as obras-primas Revolver, de 1966, e Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, do ano seguinte, que utilizaram técnicas inovadoras de gravação e manipulação em estúdio.

Lennon e McCartney dividiam o crédito da maioria das composições dos Beatles, mas poucas foram realmente escritas em dupla, quase todas no início da banda. Lennon é o autor, por exemplo, de Help!, A Hard Days Night, I Feel Fine, Nowhere Man, Lucy in the Sky With Diamonds, I am the Walrus, Revolution, Strawberry Fields Forever e Come Together, mostrando uma personalidade mais sombria e inconformista que Paul. As diferenças entre os dois se acirraram com a morte de Epstein, quando Paul quis ter maior controle sobre a banda. A entrada em cena de Yoko Ono também foi mal vista pelos outros membros dos Beatles. John começou a gravar músicas acompanhado de Yoko, e entre 1968 e 1969 eles lançaram três álbuns experimentais, e formaram a Plastic Ono Band. A banda fez músicas como Instant Karma!, composta e gravada em apenas um dia, e Cold Turkey, sobre os sintomas da abstinência da heroína. Em 1969, após a gravação do disco Abbey Road, Lennon decidiu sair dos Beatles. Ele e os outros membros decidiram não tornar isso público. Em 1970 Paul informou a imprensa de que estava saindo da banda, ao lançar seu primeiro disco solo. John não gostou nada e isso abalou ainda mais a relação entre os dois. Era o fim dos Beatles.

Yoko


 
Ainda casado com a namorada de adolescência Cynthia, com quem teve o primeiro filho, Julian, John conheceu a artista de vanguarda japonesa Yoko Ono, em 1966. Intrigado com a enigmática japonesa, ele telefonou a ela várias vezes e a convidou para visitá-lo quando Cythia estava viajando. Quando o romance dos dois se tornou público, em 1968, a maioria dos fãs e os outros membros da banda passaram a odiar Yoko, a estranha artista conceitual que parecia hipnotizar John. Mas o amor entre os dois se mostrou forte, e começou a minar a relação entre John e Paul. Ele começou a se dedicar às causas pacifistas ao lado de Yoko, principalmente pedindo o fim da Guerra do Vietnã, na música Give Peace a Chance e no famoso "Bed-In", quando o casal fez um protesto deitado em uma cama de hotel, durante a lua-de-mel. Eles haviam se casado em segredo, em 20 de março de 1969, em Gibraltar.

Após o fim dos Beatles, John e Yoko passaram por uma terapia chamada de “grito primal”, com o objetivo de aliviar a dor emocional da infância e soltar os demônios internos. O resultado foi o primeiro disco pós-Beatles de John, John Lennon/Plastic Ono Band, com clássicos autobiográficos como Mother (sobre a relação complexa com a mãe Julia), God (uma sequência de negações, que tem a famosa frase "O Sonho Acabou") e Working Class Hero. No ano seguinte lançou Imagine, e a utópica faixa-título se tornou sua música mais conhecida. O disco tem ainda How Do You Sleep?, crítica ácida ao ex-companheiro Paul McCartney, Jealous Guy (pedido de desculpas a Yoko após uma briga) e Gimme Some Truth, com forte conotação política.

Morando em Nova York e participando ativamente de movimentos pelo fim da guerra, Lennon passou a ser considerado "inimigo do Estado" pelo então presidente dos EUA Richard Nixon, que o tentou deportar do país. Em 1973 John e Yoko decidiram se separar, quando ele gravava o disco Mind Games. Eles ficaram separados por 18 meses, período no qual John namorou May Pang, sua assistente.

Ele voltou para Yoko, e em 1975 eles tiveram seu único filho, Sean. Neste ano, Lennon se afastou da música e se dedicou a cuidar de Sean, vivendo uma rotina de “dono de casa”. Nesta época ele produziu muitas pinturas e desenhos, que só foram publicadas postumamente. Em 1980 ele voltou a gravar, e fez a música Just Like Starting Over,lançada como single. Depois, lançou com Yoko o disco Double Fantasy, no dia 17 de novembro.



A Morte

Na manhã do dia 8 de dezembro de 1980, a fotógrafa Annie Leibovitz foi ao apartamento de John e Yoko, no célebre edifício Dakota, na frente do Central Park, no Upper West Side de Nova York, para fazer uma sessão de fotos encomendada pela revista Rolling Stone. Um dos cliques feitos por Leibovitz é uma das imagens mais famosas do casal, com John nu, em posição fetal, deitado na cama, abraçado a Yoko. John saiu para dar uma entrevista a uma rede de rádio, e depois os dois foram ao estúdio trabalhar na mixagem da música Walking on Thin Ice. Na saída, um grupo de fãs aguardava John para conseguir autógrafos. Entre eles estava Mark David Chapman. Em outubro Chapman, natural do Havaí, já havia ido a Nova York para tentar matar Lennon, mas desistiu. Desta vez, ele silenciosamente estendeu uma cópia de Double Fantasy para John autografar. Ele assinou e perguntou se isso era tudo que Chapman queria.

Chapman ficou parado próximo ao prédio por horas, até John voltar do estúdio. Yoko entrou primeiro no prédio. Chapman se aproximou e deu cinco tiros a queima-roupa em John, pelas costas, com um revóver calibre 38. Quatro tiros atingiram John, e um deles perfurou a aorta, provocando uma hemorragia fatal. Segundo o testemunho do porteiro do prédio, John murmurou “fui baleado”, antes de perder a consciência. O porteiro tirou a arma de Chapman e gritou: “você sabe o que fez?”. O assassino respondeu: “sim, eu matei John Lennon”, e se sentou na calçada para esperar a polícia, sendo preso em flagrante. Lennon foi levado para o hospital mas chegou sem pulsação e sem respirar, sendo declarado morto, às 23h15.

A morte prematura e violenta instantaneamente transformou Lennon numa lenda. Milhares de fãs se uniram em luto para prestar tributo a ele na frente do edifício Dakota assim que a notícia se espalhou. O disco Double Fantasy, que havia tido uma fria recepção no lançamento, esgotou nas lojas. Homenagens, estátuas e tributos a Lennon correram o mundo. No Central Park, uma área ajardinada foi batizada de "Strawberry Fields" e recebeu uma placa com a inscrição “Imagine”. Anualmente, fãs de Lennon se reúnem no local no dia do seu nascimento e de sua morte.

Os discos de Lennon, em carreira solo ou com os Beatles, estão entre os mais vendidos de todos os tempos. Seu catálogo é hoje administrado pela viúva Yoko Ono, que continua o trabalho de ativismo em prol da paz que desenvolveu com o marido. Em 2010, ano que marca os 70 anos de nascimento e os 30 da morte de Lennon, Yoko dirigu o relançamento, em versões remasterizadas, de todo o catálogo dele, e organizou shows-tributo nos EUA e na Islândia, onde inaugurou a “Imagine Peace Tower”, que projeta um raio de luz no céu.

Lennon é universalmente considerado uma das pessoas mais influentes e conhecidas do século 20, tanto pelas suas músicas quanto pelo ativismo político e pela paz mundial.

Mark Chapman

Mark David Chapman assassinou o ex-Beatle John Lennon em Nova York, no dia 8 de dezembro de 1980, quando tinha 25 anos. Em seus julgamentos, Chapman alegou que vozes o mandaram cometer o crime. Se fosse mesmo confirmada a alucinação auditiva - fenômeno decorrente de diversos transtornos mentais, possíveis de acontecer até com pessoas normais - o assassino poderia ter pego uma pena menor, mas, como não encontraram meios de provar se ele disse a verdade ou não, ele foi condenado à prisão perpétua.

O assassinato de Lennon aconteceu pouco antes das 23h, em frente ao edifício Dakota, onde ele morava e onde, horas antes, autografara para Chapman uma cópia de seu recém-lançado álbum Double Fantasy. Chapman visitava várias vezes o prédio do ex-Beatle para perguntar dele, dizendo-se "um grande fã".

Chapman citou o romance O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger, como inspiração para o crime. O livro trata da história de um adolescente revoltado que odiava falsidade, com quem Chapman dizia identificar-se. Seu principal motivo, segundo ele, foi o fato de Lennon ter dito várias blasfêmias contra Deus, como, por exemplo, ter se declarado mais popular que Jesus.

Como razão para o assassinato de Lennon, o criminoso tem repetido com frequência: "naquele tempo, achava que, graças ao crime, ficaria famoso, deixaria de ser um 'zé ninguém'".

A liberdade condicional de Chapman, teoricamente permitida após 20 anos de cumprimento da pena (para ele, a partir de 2000), já foi negada seis vezes. Yoko Ono, viúva de John Lennon, Ringo Starr, George Harrison (quando vivo) Paul McCartney, e amigos, dizem-se ofendidos quando escutam o nome do assassino.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

10 tipos mais conhecidos de tortura utilizados durante o Regime Militar

Boa Sorte, Merda ou Quebre a Perna?

Barquinho pop-pop