Tintim no Congo, uma das mais polêmicas obras de Hergé, de 1931, criticada pela maneira como retrata os negros africanos. Relançada em cores em 1946, foi redesenhada, resumida e a ideologia colonialista da primeira edição alterada.

As Aventuras de Tintim (no original em francês, Les aventures de Tintin) é o título de uma série de histórias em quadrinhos (banda desenhada, em Portugal) criada pelo autor belga Georges Prosper Remi, mais conhecido como Hergé, em 1929.

O herói das séries é o personagem epônimo Tintim, um jovem repórter e viajante belga. Ele é auxiliado em suas aventuras desde o início por seu fiel cão Milu (Milou, em francês)] Os dois apareceram pela primeira vez em 10 de janeiro de 1929, no Le Petit Vingtième, um suplemento do jornal Le Vingtième Siècle destinado ao público infantil. Mais tarde, o elenco foi expandido com a adição do Capitão Haddock, entre outros personagens pitorescos.

Esta série de sucesso era publicada em semanários e, ao término de cada história, os quadrinhos eram reunidos em livros (23 no total, em 2008). Ela ganhou uma revista própria, de grande tiragem (Le Journal de Tintin) e foi adaptada para versões animadas, para o teatro e também para o cinema. As séries são uma das histórias em quadrinhos européias mais populares do século XX, sendo traduzidas para mais de 50 línguas e tendo mais de 200 milhões de cópias vendidas.

As séries de histórias em quadrinhos são há muito admiradas por seus desenhos claros e expressivos, com o estilo ligne claire, típico de Hergé. O autor emprega enredos[9] bem elaborados de gêneros variados: aventuras swashbuckler com elementos de fantasia; mistério; espionagem; e ficção científica. As histórias nas séries de Tintim caracterizam-se tradicionalmente pelo humor em cenas de ação, o que equivale em álbuns posteriores à sofisticada sátira e comentários de cunho político-culturais.

Tintim é apresentado como um repórter: Hergé usa tal artifício para apresentar o personagem numa série de aventuras ambientadas em períodos contemporâneos àquele em que ele estava trabalhando (mais notavelmente, a insurreição bolchevique na Rússia, a Segunda Guerra Mundial e a alunissagem). Hergé criou também um mundo de Tintim, que conseguiu reduzir a um simples detalhe, porém reconhecível e com representação realista, um efeito que ele foi capaz de alcançar com referência a um meticuloso arquivo de imagens.

Apesar de as Aventuras de Tintim serem padronizadas - apresentando um mistério, que é, então, logicamente resolvido - Hergé encheu-as com o seu próprio senso de humor, e criou personagens de apoio que, embora sejam previsíveis, apresentaram-se com um certo encanto que permitiu ao leitor se identificar com eles. Esta fórmula de uma confortável e bem–humorada previsibilidade é semelhante a da apresentação do elenco na tira Peanuts ou em Three Stooges. Hergé também teve um grande entendimento da mecânica dos quadrinhos, especialmente de seu andamento, uma habilidade demonstrada em As Jóias de Castafiore, um trabalho que pretende ser envolvido com a tensão de que nada realmente acontece.

Hergé inicialmente improvisou na criação das aventuras de Tintim, exceto em como o persoangem iria escapar de qualquer situação que lhe aparecia. Somente após a conclusão de Os Charutos do Faraó, Hergé foi incentivado a reformular e a planejar suas histórias. O impulso veio de Zhang Chongren, um estudante chinês que, sabendo que ele iria mandar Tintim à China na sua próxima aventura, instou–o a evitar que perpetuassem a visão que os europeus tinham da China no momento. Hergé e Zhang trabalharam juntos na série seguinte, O Lótus Azul, que foi citado pelos críticos como a sua primeira obra-prima.

Outras alterações à mecânica de Hergè ao criar as tiras se deram a partir de influências por parte de acontecimentos externos. A Segunda Guerra Mundial e a invasão da Bélgica pelos exércitos de Hitler determinaram o encerramento do jornal no qual Tintim era publicado. Os trabalhos foram interrompidos em Tintim no País do Ouro Negro, e os já publicados Tintim na América e A Ilha Negra foram proibidos pela censura nazista, que não concordou com sua apresentação da América e da Grã-Bretanha. No entanto, Hergé foi capaz de continuar com As Aventuras Tintim, publicando quatro livros e relançando mais duas aventuras no Le Soir, jornal licenciado pelos alemães.

Após a ocupação da Bélgica pelas tropas alemãs, Hergé foi acusado de ser um colaborador do regime nazista por trabalhar em um jornal sob controle alemão. Sua obra desse período, ao contrário de seus trabalhos anteriores, é politicamente neutra e resultou em histórias clássicas, como O Segredo do Licorne, O Tesouro de Rackham o Terrível e A Estrela Misteriosa, que refletem seu sentimento durante esse período político incerto.

A escassez do papel no período pós-guerra exigiu mudanças no formato dos livros. Hergé geralmente desenvolvia suas histórias de forma que o tamanho fosse adequado à história, mas agora com o papel de dimensão reduzida, os editores Casterman pediram a Hergé para ele considerar a utilização de menores dimensões e adotar um tamanho padronizado e estipulado em 62 páginas. Hergé continuou e aumentou sua equipe (os dez primeiros livros foram feitos por ele e sua esposa), surgindo assim os Studios Hergé.

A adoção de cor permitiu que Hergé expandisse o alcance das suas obras. Seu estúdio permitiu que as imagens preenchessem meia página em alguns casos, mostrando detalhadamente algumas cenas e usando combinações de cores para realçar pontos importantes. [15] Hergé cita este fato, declarando que "Considero minhas histórias como se fossem filmes. Sem narração, sem descrições, a ênfase é dada às imagens". A vida pessoal de Hergé também afetou a série, com Tintim no Tibete sendo fortemente influenciada pelo seu colapso nervoso. Seus pesadelos, descritos como sendo "todos em branco", convertem-se em paisagens repletas de neve na história. O enredo tem Tintim patinando em busca de Tchang Chong-Chen, previamente encontrado em O Lótus Azul, com a peça não possuindo vilões - com apenas uma pequena lição moral, com Hergé se recusando a se referir ao Homem das Neves do Himalaia como "abominável".

A conclusão das aventuras de Tintim ficou incompleta. Hergé morreu em 3 de março de 1983 e deixou a 24ª aventura, Tintim e a Alph-Art, inacabada. O enredo viu Tintim embrenhar-se no mundo da arte moderna, e a história é interrompida no momento em que Tintim está aparentemente prestes a ser assassinado para ser transformado em uma estátua de acrílico a ser vendida

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