O que as ONGs podem aprender com o Corinthians?

Artigo escrito por 
, do Instituto GRPCOM.

Toshifumi Kitamura/ AFP / Jogadores do Corinthians festejam o título, no Japão: case para clubes, empresas e projetos sociais
Jogadores do Corinthians festejam o título, no Japão: case para clubes, empresas e projetos sociais


É comum empresas estabelecerem referências para se inspirar e, a partir disso, buscar seu desenvolvimento. Geralmente essas referências são outras 

empresas, ou as estratégias de gestão de determinado executivo. São os chamados cases. Podem ser de sucesso, de fracasso, de exemplos a seguir ou de caminhos a evitar. De uns tempos para cá, o time do Barcelona, com seu futebol bonito e envolvente, tornou-se um case de sucesso – inspiração para outros clubes, jogadores, técnicos de futebol e de outras modalidades, e também para empresas. Criatividade, inovação e trabalho de base são alguns dos aspectos destacados pelos consultores empresariais que usam o time espanhol como exemplo.

Ontem o Corinthians sagrou-se pela segunda vez Campeão Mundial de Clubes. O título veio de maneira incontestável, com uma campanha invicta desde a primeira partida da Taça Libertadores da América, disputada no primeiro semestre desta ano. Diferente do Barcelona, o “Timão” não ganhou exibindo o chamado “futebol-arte”. No entanto, sua trajetória pode sim servir de case, não só para outros clubes de futebol e empresas, como também, para organizações e projetos sociais. Por isso, listamos 7 aspectos que podem inspirar ONGs a sagrar-se verdadeiras campeãs em suas áreas de atuação:
1 – Toda grande equipe começa com um grande goleiro. Cássio foi eleito o melhor jogador da partida e do campeonato. É o grande responsável pelo título, graças às três grandes defesas que fez quando o jogo ainda estava empatado, e também à defesa feita praticamente no último minuto, cara a cara com o artilheiro Fernando Torres, evitando que a partida fosse para a prorrogação. ONGs: antes de pensar em grandes ações, procurem estruturar-se para proteger-se de acusações em relação à sua lisura e comprometimento com a causa. Rigor na transparência, na organização administrativa, contábil, jurídica... Tudo isso é fundamental, o tempo todo, para não levar “gols” (ser acusado de algo) e correr o risco de perder a partida (credibilidade).
2 – Trabalho em equipe. A última estrela do Corinthians foi Ronaldo, aposentado no início de 2011. Ele até ajudou o clube a conquistar títulos, mas de lá pra cá, nas conquistas do Campeonato Brasileiro (2011), da Libertadores (2012) e do Mundial (2012), quem poderia ser considerado o melhor jogador do Corinthians? Paulinho? Emerson Sheik? Guerrero? Cássio? Não há unanimidade. Todos “carregam o piano” juntos, com funções diferentes, mas sempre com garra, perseverança e disciplina tática. E sem se amedrontar diante das adversidades. Depender demais de alguém é ruim para um clube de futebol, para uma empresa e também para uma ONG.
3 – Resiliência e planejamento. O Corinthians foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro em 2007 – o pior momento da história do clube. Mas soube ser resiliente e deu a volta por cima. Reestruturado, com um planejamento para o curto e o longo prazo, foi campeão da Série B em 2008 com seis rodadas de antecedência e de lá pra cá conquistou mais um título paulista (2009), dois campeonatos nacionais (2009 e 2011) e dois internacionais (2012). Neste processo, duas situações foram fundamentais: a profissionalização da gestão administrativa, algo que serve muito às ONGs; e, mais recentemente, o foco dado à Libertadores e ao Mundial de Clubes, em detrimento de outros campeonatos que disputou ao longo do ano. Resultado: metas alcançadas.
4 – Marketing. Vale para todas as organizações que querem crescer a partir de parcerias e apoios. Com planejamento e ações criativas (como estampar na camisa o rosto dos torcedores), o Corinthians cresceu a ponto de atingir, em 2013, a marca dos 300 milhões de reais em receita. Grande parte disso se deve aos patrocínios firmados.
5 – Dinheiro é bom, mas não ganha jogo. Que o diga o Chelsea, que perdeu na final para um time quatro vezes mais "pobre". 


6 – O verdadeiro patrimônio. O “Timão” tem títulos, bons jogadores, mas seu verdadeiro patrimônio é a Fiel torcida, capaz de lotar (e ensurdecer, durante os 90 minutos da partida) um estádio lá no Japão. Da mesma maneira, as ONGs precisam valorizar seus “torcedores”, isto é, os parceiros, apoiadores, padrinhos sociais, associados contribuintes e fundadores, que reúnem grande potencial de garantir novas possibilidades e parcerias. O Corinthians conseguiu sua sede própria (o Itaquerão, ainda em construção) muito graças a este tipo de networking.



7 – Aproveitar as oportunidades. O ensinamento é de Rodrigo Britto, fundador da bem-sucedida ONG Aliança Empreendedora: “Imagine a seguinte situação. Você encontra um grande empresário, disposto a investir 1 milhão de reais no seu projeto. Ele te dá um minuto, e uma única chance, para falar sobre a sua organização. O que você diria?”. Exemplos como esse são mais comuns do que se imagina. Muitas ONGs perdem grandes oportunidades, às vezes por nem se darem conta, em outras por não estarem preparadas. Ontem o Corinthians até desperdiçou, com Emerson, uma ou duas oportunidades de abrir o placar no primeiro tempo. No segundo tempo, Guerrero teve uma única chance. Foi letal.

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